A Partida de Mécia

audiodrama de Tiago Correia

estreia absoluta
24 de junho 2023 | 14h30
Torre Dona Mécia | Castelo de Ourém

Presa na torre, Mécia passa os dias à janela. No que se anuncia como o seu último dia de cativeiro em Ourém, Mécia entrega-se a uma meditação profunda sobre a sua vida e a sua condição, através da recordação da partida de xadrez em que, ainda jovem, aprendeu a jogar com as velhas regras árabes. Um audiodrama original de Tiago Correia, interpretado por Maria João Luís, música original de André Júlio Teixeira e sonoplastia de Vasco Rodrigues, para uma experiência sonora imersiva na Torre de Dona Mécia, no Castelo de Ourém.

Breve Contexto Histórico
Rainha consorte de Portugal, por intermédio do seu casamento com o Rei Dom Sancho II, Mécia Lopes de Haro foi enredada numa teia de conspirações que envolveu as mais altas figuras do clero e da nobreza portuguesas, o papa e o próprio irmão do rei - Afonso, Conde de Bolonha -, que usou todos os meios ao seu alcance para enfraquecer, humilhar e destituir o irmão e ascender ao trono, o que veio a culminar na guerra civil de 1245, na destituição do matrimónio real e no consequente rapto de Mécia, que terá estado presa na Torre do Castelo de Ourém, por volta de 1246.
Apesar de Afonso X, o Sábio, infante de Castela e Leão e primo direito de Mécia, com quem cresceu e manteve durante toda a vida uma relação de grande afinidade, ter vindo com as suas tropas em auxílio de Sancho II, o rei deposto viria a fugir do país, exilado, em 1247, acabando por morrer um ano depois em Toledo, sem deixar descendência e sem ter voltado a ver a mulher que, ao que diz a história, amou perdidamente.
Mécia foi o bode expiatório para todos os problemas do reino e acabou banida e difamada pela história. Nesta viagem sonora, ficcionamos e recuperamos a sua voz, alimentando-nos do mistério que envolveu a sua comprovada existência.
Afonso X, o Sábio, o infante que viria a ser rei de Castela e Leão, foi um grande impulsionador cultural da época, deixando como legado uma das primeiras grandes obras sobre o xadrez - "O Livro dos Jogos" ou "O Livro do Xadrez, Dados e Tabuleiros". Cresceu com Mécia na corte castelhana e esta viria a perfilhar o seu filho, o que demonstra a especial relação de cumplicidade e afinidade entre ambos. Assim, porque as regras do xadrez são um espelho dos tempos e data desta altura o início do aparecimento da Rainha (peça) nos tabuleiros da Europa medieval, parte-se desta analogia para refletir sobre o papel da mulher na idade média, sugerindo que a própria Mécia poderá ter dado um contributo essencial para a evolução das regras do xadrez - e da condição feminina - ao longo dos tempos.

Em exibição

Teaser

  • gratuito até 30 set 2023 com inscrições em museu@mail.cm-ourem.pt
  • texto original e direcção artística
  • Tiago Correia
  • interpretação (voz)
  • Maria João Luís
  • música original
  • André Júlio Teixeira (aka Turquesa)
  • desenho de som
  • Vasco Rodrigues
  • assistência à criação
  • Sara Miro
  • coprodução
  • Teatro Municipal de Ourém
  • produção
  • A Turma